DE OLHO EM 2012
O QUOCIENTE
Pelo atual modelo eleitoral os candidatos a vereador e deputado não concorrem com os que pretensamente seriam seus adversários. Apesar de subir no mesmo palanque, a concorrência pelas cadeiras nas Câmaras Municipais, por exemplo, só existe dentro das próprias coligações partidárias. É como já disse um dia um ex-deputado potiguar: “o nosso concorrente é o próprio colega de partido ou da coligação. É muito estranho esse sistema. É uma disputa interna”.
Desentendimentos entre “correligionários” são bastante comuns em tempos de eleição proporcional. O exemplo de 2008, em Poço Branco, em que candidatos a vereador se estranharam nos bastidores, define bem esta relação pouco cordial entre candidatos a vereador de uma mesma coligação. Na eleição proporcional (vereadores), o vigente modelo eleitoral premia o quociente partidário ou eleitoral, um valor numérico decisivo nas composições legislativas.
No caso de Poço Branco, independente do número de candidaturas para a disputa majoritária (prefeito), a concorrência por uma vaga no legislativo tende a ser muito maior no bloco oposicionista do que na situação. Segundo observadores locais o quociente eleitoral em 2012 passará de 1.000 devido ao aumento do número de eleitores aptos. Só para se ter uma idéia, o quociente eleitoral em 2008 foi de 920 votos, ou seja, cada coligação necessitava somar, pelo menos, este valor para eleger o seu candidato mais votado. Naquele ano, sete vereadores foram eleitos pelo quociente partidário e dois pela média.
Para 2012, participar de uma coligação “puxadora de votos” pode garantir uma cadeira na câmara, mesmo que o candidato não esteja entre os nove mais votados no município. Um exemplo clássico foi o ocorrido, na eleição passada, com a votação do médico Newman Lima. Com 29 votos a mais ele seria o 9º vereador mais votado no município, mas não seria eleito, pois sua coligação (à época, PSC/PPS/PT) necessitava de mais 265 votos para atingir o quociente e poder eleger Newman. Se estivesse na coligação PR/PP/PMN, Newman só precisaria garimpar mais 16 votos e teria sido eleito pela 1ª média. Em 2004, o atual vereador Inácio Alexandre foi o 6º vereador mais votado no município e, mesmo assim, não foi eleito também devido ao quociente partidário.
Esse tal “quociente” precisa ser levado a sério, pois já deixou de fora candidatos com excelente votação e elegeu outros com bem menos votos. É muito importante os pré-candidatos atentarem para as coligações, quais pesos eleitorais elas podem ter sobre o resultado final da eleição proporcional – embora esta regra só ajude mesmo os que investirão e terão reais chances de se eleger. Os pré-candidatos a vereador, especialmente os estreantes, não podem traçar suas metas apenas pensando em quantos votos precisariam atingir para chegar à Câmara Municipal: é preciso também se apegar aos números e suas reais chances dentro da coligação que irão compor. Olho vivo será preciso. E uma calculadora também.
O ELEITORADO
Mais uma vez o eleitor indeciso será o alvo principal na eleição desse ano. Até o dia 7 de outubro, muitos entendimentos e desentendimentos vão fazer parte da relação “candidato-eleitor”, tendo as lideranças como verdadeiros “atravessadores” nesta conquista. Na busca de estimar o atual momento, qualquer pesquisa de opinião convencional ou digital concluirá que boa parte do eleitorado poço-branquense já tem “um lado” definido e que tantos outros continuam indecisos.
A esta altura, também é fato que outra parcela da população ainda não tenha se envolvido com o clima eleitoral - e não demonstra ter esse desejo. Nesta parcela poderão está inseridos os possíveis votos brancos, nulos e as abstenções: parcelas importantes da massa eleitoral que, normalmente, são desprezadas nas análises eleitorais por não acrescentar nada ao final do processo.
Em todos os casos, ainda não surgiram pesquisas confiáveis que pudessem definir em que escala cada uma destas parcelas se encontram no atual momento. Aos poucos, é provável que o eleitorado ainda disperso comece a mostrar a sua cara, a vestir a sua camisa, a colocar a sua bandeira e será mais fácil tirar conclusões fiéis. Por enquanto, apenas a classe política, lideranças e agregados estão se movimentando. É muito provável que somente após o Carnaval “a panela de pressão comece a esquentar pra valer”. Esperemos pra ver.
DUAS CHAPAS
Comentários do surgimento de uma terceira opção para o eleitorado poço-branquense, em outubro próximo, estão ganhando força e há até quem aposte que ela surgirá. Caso seja homologada, uma terceira coligação certamente teria uma consoante divergente das demais: seria um projeto estreante.
Se na teoria fala-se apenas na reeleição do atual prefeito, na prática a pré-candidatura oposicionista, que deverá reunir quatro “ex”, também está inserida numa tentativa clássica de reeleição. Seriam duas tentativas de “reeleição” e uma de “eleição”.
POR QUE UM DEBATE?
Em 2008 não foi possível, não aconteceu, mas havia muitos motivos para ter ocorrido um debate público. E em 2012? Haverá, pelo menos, um debate entre os postulantes a Prefeitura Municipal? A resposta é simples: dependerá dos candidatos e de suas intenções e metas.
Mas não dependerá apenas disso. Será preciso constituir uma comissão organizadora “o mais isenta possível” ou ainda que seja formada pela união de membros indicados de cada chapa concorrente.
Em 1992, com a intermediação de uma entidade local, aconteceu um debate público de comprovado sucesso de organização e grande repercussão na comunidade. Mas hoje, com tantos avanços tecnológicos e outras facilidades, por que parece ser tão difícil realizar um debate com a presença de todos os possíveis candidatos a prefeito?
Seria por que Poço Branco é uma cidade pequena e com poucos órgãos ou entidades voltados para a difusão e preservação da opinião, dos direitos e deveres da pessoa humana? Ou por que a rivalidade, a falta de prioridade, de bom senso e até mesmo a ignorância de alguns candidatos impedem a realização de tão importante evento democrático? Ainda não se conhece o porquê.
Um debate sério e bem conduzido é muito bom para o eleitor indeciso. É bom para aquele que tende a votar em branco/nulo; para aquele que tende a não comparecer a eleição e, sobretudo, para o eleitor que não decidirá o seu voto baseado apenas em discursos de palanque, picuinhas, favorecimentos e falatórios de meio de rua. É muito bom para a comunidade em geral, sem dúvidas.
E como se supõe que esta eleição será bastante disputada, esta faixa de eleitores pode representar a fatia de votos necessária para vencer o pleito. Eis aí um motivo para participar de um debate.
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