segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Projeto da morte na chapada do Apodi



Cerca de quinhentas famílias de agricultores que desenvolvem um revolucionário método de produção agroecológica no sertão nordestino serão expulsas de suas terras para a implantação de um sistema de agronegócio...
que beneficiará cinco grandes empresas e muito provavelmente contaminará toda a região conhecida como Chapada do Apodi/RN/CE com agrotóxicos.

A Chapada do Apodi é uma formação montanhosa brasileira localizada na divisa entre os estados do Rio Grande do Norte e do Ceará, funciona como divisor de águas entre as bacias hidrográficas dos rios Apodi e Jaguaribe e a sua produção agrícola concentra-se nas culturas de mel, banana, milho , melão, mamão, goiaba, ata (fruta-do-conde), melancia, pimentão, graviola, algodão herbáceo, feijão vigna, sorgo e capim de corte.

O projeto iniciado em 8 de março de 2005, ainda na gestão do Presidente Lula, foi batizado como assentamento milagres, e é um projeto modelo utópico de reforma agrária, o segundo maior produtor de mel do Brasil, exportando mais de 40 toneladas de Mel para a Europa e para os Estados Unidos. Segundo João Pedro Stédile, a Presidenta Dilma Rousseff tem muito boa vontade para a reforma agrária, mas está extremamente mal assessorada neste particular.


O Presidente da CUT (Central única dos Trabalhadores ) no Rio Grande do Norte, Zé Rodrigues,  ressalta que as famílias trabalham em sistema de cooperativismo, em lotes de oito hectares, e serão desapropriadas de suas terras sem qualquer garantia de indenização ou de realocação.

O líder popular esclarece que suas afirmações são embasadas em estudos da UFC, UFRN, UFERSA e UERN, e que o projeto de agronegócio em tela utilizará de pulverização aérea, método que comprometerá a produção de mel e trará danos a toda a sociedade. Segundo estudos da UFC 45% dos venenos utilizados no agronegócio vão para o subsolo contaminando os lençóis freáticos, 19% dos venenos ficam nas, e o restante evapora contaminando a população com as chuvas. Já é comprovado que os venenos utilizados são repassados às crianças através do aleitamento materno.


Zé Rodrigues ainda explica que toda a situação já foi exposta a Gilberto Carvalho e para a Presidenta Dilma, e que o povo aguarda uma nova reunião para tratar da questão. Um grande ato público está marcado para o dia 10 de dezembro, e visa sensibilizar a sociedade já que os grande conglomerados de comunicação fingem que estes problemas não existem.

Na capital do Rio Grande do Norte, o coletivo da UFRN “Até que tudo cesse, nós não cessaremos” organiza uma caravana para somar forças ao ato público do dia 10. O líder estudantil Adler Barros é assertivo: "Os movimentos sociais da cidade estão solidários aos movimentos sociais do campo e não vão abandonar os companheiros nesta luta. A mídia não divulga, não há nenhuma repercussão". Ele ressalta que segundo o projeto os recursos hidricos vão ser divididos em três partes, uma para a agricultura familiar, outra para abastecer os municípios vizinhos, e uma terceira parte para o agronegócio, aumentando a escassez de água em região de clima semi-árido.

O coletivo ambientalista Nivaldo Calixto, do IFRN, está organizando debates sobre o crime lesa humanidade a ser perpetrado. Para Matheus Graça, membro do Coletivo, o projeto é inviável tecnicamente, pois o modelo de irrigação utiliza bombeamento em vez da gravidade, o que encarece o projeto, ele afirma que é um projeto mal estudado e com planejamento não compartilhado com a população. “É uma violação, pois os agricultores que ocupam as terras o fazem com natureza num projeto de reforma agrária, produzem em sistema de agricultura familiar e orgânica. Estão destruindo um modelo de agricultura para todo o Brasil, estão destruindo um símbolo da agricultura social e da reforma agrária".

Segundo o professor universitário e militante social Daniel Valença, O DNOCS é o órgão promotor das obras, e está dirigindo o projeto de maneira altamente equivocada, já que as famílias não foram sequer convocadas para audiência pública. Ele ressalta que é um projeto da época da ditadura militar e que o Deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) parece ser um dos grandes defensores do projeto, já que segundo o deputado apenas meia dúzia de pessoas se oporiam ao projeto.

Neste dia 1 de dezembro, diversas placas de publicidade do projetos foram postas abaixo e queimadas pelos agricultores, indignados com a situação de ter tudo o que construíram em sua vida perdido. Uma grande tensão social se instala na região, e a população clama para que aqueles que assessoram de modo incoerente a nossa Presidenta se sensibilizem, e que a situação real chegue aos ouvidos da mandatária.




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